Passos na areia, flutuações no mar



Passos na areia, flutuações no mar

 Não sei como cheguei até lá , naquela praia só minha, tão minha, mas olhei para trás e contemplei as marcas de meus passos, só os meus passos, embora sentisse uma presença, ao meu lado, me envolvendo, me guiando, mãos sobre meus ombros

Eu a sinto, porém não vejo uma presença, quem sabe meu Mentor, meu Mestre, minha Divindade , não importa , ele guia meus passos lentos e suaves, como se eu flutuasse mas as marcas dos meus passos, só dos meus estavam la sinalizadas .

Uma brisa morna que me envolve, me abraça me torna uno.

Beira do mar, lugar comum, Começo do caminhar, Pra beira de outro lugar (Lugar comum)

O mar me convida a entrar e eu aceito feliz e sorrindo me deixo envolver pelo tênue manto do sol que me acolhe e pela mornidão da água que me abraça.

 Contemplo a infinita paisagem a minha frente, ao meu redor, o mar infinito o céu bem acima e não enxergo mais o que abandonei la atras.

 Meu corpo está solto ao sabor das pequenas marolas e eu flutuo, corpo leve, corpo solto, envolvido  pelo mar acolhedor e me deixo levar sem medo, sem preocupação, sem culpa, feliz.

Deve existir algo estranhamente sagrado no sal: está em nossas lágrimas e no mar…” (Khalil Gibran).

É como se uma mão do meu tamanho me sustentasse, sem que eu a sinta, não permitindo que eu afunde, e me guie e nem consente que pensamentos atrapalhem. Sou eu comigo mesmo.

O tempo não existe, nem passado, nem futuro, só o agora, o presente que está, simplesmente é.

Abro lentamente os olhos e me vejo, olhando para mim mesmo, flutuando no mar numa conexão que nunca poderia imaginar algum dia e sorrio para mim, e isso é como uma chave que, por assim dizer, abre meu coração, que se expande e o pulsar coincide com  o barulho da onda suave batendo no meu corpo.

O movimento de vai e vem, como se eu me balançasse numa rede preguiçosa, me faz relaxar ainda mais e há uma plenitude, há uma perfeição desse momento mágico que renova minhas energias, revigora a minha crença, valida minha fé.

Em minhas mãos sinto uma energia forte que, embora relaxada, possuem uma força que o simples tocar na água criam movimento, me impulsionam como se fossem remos.

É preciso remar, o mar ensina, paciência aos que têm pressa equilíbrio aos que já caíram , mas não deixaram de remar (O Mar ensina)

O deslocamento é lento, suave, sem pressa, e o céu, aquele manto azul, quase sem nuvens parece se aproximar de mim e do mar, unificando, equilibrando, agregando.

Esse flutuar sereno, sem saber para onde, sem saber por que , mas confiante sabendo que assim é a vida, essa integração do alto e do baixo, e me vem a frase de que

Tudo que Deus prepara para nós é perfeito, o tempo Dele é perfeito, e que não pode entregar em nossas mãos, mas nos prepara para coisas lindas...

Perco a noção de tempo, de espaço mas pressinto que estou de volta ao lugar de onde parti, a praia, a minha praia, e meus passos, antes marcados na areia não estão mais lá, o mar apagou, como tem que ser na vida com o passado, com pensamentos equivocados, memórias que não nos cabem mais e deixaremos outros passos, sem se preocupar com os que virão, atentos com esse que acabamos de dar nessa caminhada divina que é a vida.

 


 

 

 

 

 

 

 

Comentários

  1. Uma mão bondosa e invisível nos guia, os movimentos da natureza nos ensinam, o contato com o divino e com a natureza é a melhor terapia.( Aglae)

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