Acolhimento e Cura - Uma reflexão para a saúde, a vida e o bem-estar

De repente vem a dor no peito. No início um incomodo, uma sensação diferente, como uma mão forte apertando o coração, e ela se espalha pelo braço esquerdo e você estranha e se sente compelido a parar, ou pelo menos diminuir a passada...

Algo não vai bem e vem a dúvida sobre como agir. Não é nada? Continuo minha caminhada? Retorno? Instintivamente paro, tento alinhar os pensamentos, respiro e volto pelo menos caminho percorrido...Pense, pense, pense...

A partir daí vem o instinto, a oração, o contato com o seu íntimo e age de modo sereno porém ágil e segue em busca da sobrevivência, com fé e determinação.

Se permite a partir daí, ser acolhido, se entrega ao cuidado. Estabelece a conexão divina.

Acolher é mais do que receber alguém. É oferecer presença. É criar um espaço seguro onde o outro possa existir sem medo, sem julgamento e sem pressa.

Acolher é ouvir com atenção, olhar com gentileza e permitir que a dor — física ou emocional — encontre um lugar onde possa finalmente respirar.

A cura começa exatamente aí, no encontro humano, acima e além do recurso técnico. É  no olhar, no gesto, na intenção

  Nesse encontro, algo essencial acontece: a gente  se sente visto. A certeza da existência. Eu existo, sim, sou eu!

Ser visto é uma forma profunda de alívio.

É o primeiro passo para restabelecer o equilíbrio, a energia e a esperança.

Acolhimento é terreno fértil; cura é o fruto que nasce dele.

Na Medicina Tradicional Chinesa, dizemos que a energia flui quando não há obstáculos. Tudo flui, a vida é esse movimento, a saúde em amplo sentido é isso

Mas um dos maiores bloqueios não está nos meridianos, e sim na alma: a sensação de estar sozinho na própria dor.

Quando o profissional acolhe, o fluxo se restabelece. A confiança surge. O corpo relaxa. O sistema nervoso desacelera. A cura encontra caminho.

Isso vai além da ausência dos sintomas. Há integração, há reconexão, surge a empatia e tudo toma sentido.

Não é somente ser tratado e sim ser cuidado, acolhido. O cuidado é uma força transformadora, tem a ver com estender a mão, caminhar junto, no mesmo passo,  compassio,  compaixão.

E quando esses dois movimentos se encontram, nasce algo maior do que a soma das técnicas: nasce a possibilidade real de transformação.